Mel e medo
Sou avesso
Orla e rumo
Meu destino.
Chuva e outono
Com a morte
Brilho e flor
Com a vida.
O que fiz
O que ardi
O que sei
O que sou:
Um incêndio
Que se apaga
Uma canção
Que se acaba.
Stefan George*
(Do livro “TAPETE DA VIDA E CANÇÕES DE SONHO E MORTE COM UM PRELÚDIO” (1899)
Stefan Anton George
(Bingen, Hesse, 12 de julho, 1868 – Locarno, 4 de dezembro, 1933) foi um tradutor e poeta Alemão.
Viveu em Paris, encontrando-se entre os escritores e artistas que frequentavam os serões das terças-feiras do poeta Stéphane Mallarmé. Começou a publicar poesia na década de 1890, quando ainda não tinha 30 anos de idade. George fundou e editou a importante revista literária Blätter für die Kunst. Também esteve no centro de um influente círculo literário e académico conhecido como Georgekreis, que incluía um grande número dos jovens escritores da época (como, por exemplo, Friedrich Gundolf and Ludwig Klages). Para além de partilhar os seus interesses culturais, o círculo artístico reflectia sobre temas místicos e políticos. George conhecia e mantinha uma relação de amizade com a "Condessa Boémia" de Schwabing, Fanny zu Reventlow, que por vezes satirizava o grupo pelas suas opiniões e actividades melodramáticas. George era, politicamente, de um conservadorismo extremo. Era homossexual e liderou e exortou o círculo dos seus jovens amigos a levar uma vida celibatária.
Em 1914, logo no início da Primeira Grande Guerra, previu um final triste para a Alemanha e, entre 1914 e 1916, escreveu um poema em tons muito pessimistas, intitulado Der Krieg (A Guerra). O desenlace da guerra viu confirmados os seus piores receios.
Em 1933, após a tomada de poder pelos Nazis, Joseph Goebbels ofereceu-lhe a presidência de uma nova Academia de Artes a ser criada, o que ele recusou, tendo-se também mantido afastado das celebrações oficiais do seu 65º aniversário. Viajou para a Suíça onde viria a morrer perto de Locarno. Após a sua morte, o seu corpo foi enterrado antes que uma delegação do governo Nacional-Socialista tivesse tempo de chegar.