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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

SONETOS DA AUSÊNCIA



XXIV


A mão que disse adeus era um veleiro
no mar da solidão. O amor perdido
era um luar humilde e companheiro
do coração mais que do céu nascido.


Dantes, a paz não fora o meu roteiro.
Sonhava, apenas. Nem jamais, ferido
pelo céu, pelo mar, vivera inteiro
o meu reino de luz, já proibido.


Vi então que a alegria era um soluço
e o coração o mar e o céu cansados,
o coração há tanto adormecido.


E hoje no adeus, lembrando, me debruço,
no adeus que é o grito dos desesperados
e o olhar febril de algum enlouquecido.


Alphonsus de Guimaraens Filho
In: Antologia Poética

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

VELEJAR. . .



Velejar para onde?
Para que mundo, acaso,
se esse mundo se esconde
ou nos chega com atraso?


Velejar para que,
se essa mesma distancia
que o coração antevê
com tão profunda ânsia


a nada mais conduz
que ao grande desalento
de ver que tudo é luz
dispersa em água e vento?



Alphonsus de Guimaraens Filho
In: Antologia Poética

CANÇÃO



O leve vento me leve
Para as praias de além-mar.
O leve vento me leve...

Quero um sopro de inocência
Para em luzes me banhar.
Onde estaria a saudade
Que afaga os caminhos mortos
E treme na luz das velas
Nos velórios de além mar?
Quero fugir da loucura
Que prende os corpos no mar.

Em tudo que me esperava
Jamais pureza encontrei.
Fui gemido, tédio, noite,
Fui vagabundo e fui rei.
E me buscando no mundo

No mundo não me encontrei.
Que o leve vento me leve
Para as praias de além-mar.
Que o leve vento me leve,
Me deite em praias macias,
Me dê as bocas macias
Das namoradas do mar.
Quero um sopro de inocência
Para em luzes me banhar.


Alphonsus de Guimaraens Filho
In Nostalgia dos Anjos