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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

POESIA, VERSÍCULOS


I

Tão real em sua idealidade,
não é de facto, nem de prosa.

II

Vem de longes, sem anúncio ou alarde -
de quando era a cor da pele a palavra.

III

Abro-lhe a janela, que se hospede
mas que arrume novamente o quarto.

IV

Bate-me com os pés seu ritmo,
faz-me dançar qual índio, imberbe.

V

Vive a me lembrar seus cânones,
intemporal, nem se importa
com que os ventos mudem
e que com eles girem as palavras.

VI

Fica o tempo que determina,
que lhe agrada.

VII

Quando parte, sem acordo de volta,
deixa-me síncopes, lapsos
que entrecortam madrugadas.

Fernando Campanella

(Fotografia de Fernando Campanella)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

***


... I wander afield
somewhere in a time
only memory knows...

(Fernando Campanella)

domingo, 29 de agosto de 2010

***

(Foto by Fernando Campanella)

... my horse is the wind, galloping through a haze of dust....

(Fernando Campanella)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

"TINTED-GLASS WINDOWS"

(Saint Francis stain glass in the little church in Taizé -France)

Why do I write?
Why do I sometimes
into my hands clasp the light
only to spread it,
a thousand gasping wings
probing the sideless skies -

and the universe
suddenly dresses bright
and a tinted glass
in a chapel
then reflects
my heart…

(Fernando Campanella)




VITRAIS

Por que escrevo?
Por que em minhas mãos
às vezes a luz retenho
apenas para estendê-la -
mil asas ofegantes
sondando os céus
sem beirais –

e de repente o universo
se faz luzente
e uma capela
reflete então
meu coração
em seus vitrais...

Fernando Campanella

BUTTERFLY LILIES

(Foto by Fernando Campanella)

Behold these pollen-craving brides
before their scented spells fade
and their muslin-petalled veils fray.


(Fernando Campanella)

'FALLING STAR'


Raise thy longings to me
I sparkle when the day is asleep
And frolicking birds are lain -

Even when the Aldebarans are blinded
And thy solid moons seem to wane,
Rise, never tire, plead on me -

Plead, on the very mercy of a sentry
Who sensing the wants of your heart
Would leave somber cells unattended
And massive night portals ajar.

Fernando Campanella


ESTRELA CADENTE

Ergue teu anelo a mim
Eu lampejo quando o dia adormece
E aves buliçosas já vão repousar -

Mesmo quando as *Aldebarans se cegam
E tuas sólidas luas parecem minguar,
Eleva-te, nunca te canses, pede a mim -

Pede, à clemência mesma de um guardião
Que enternecido de tuas penúrias
Te livrasse da cela escura, do açoite,
Deixando entreabertos
Os maciços portais da noite.

Fernando Campanella


(Alpha Tauri) conhecida como Aldebarã ou Aldebaran é a estrela mais brilhante da constelação Taurus. mm

domingo, 8 de agosto de 2010

'YELLOW MOON'

(Foto by Fernando Campanella)

Don't mourn over past lovers, yellow moon,
for you have preserved your charms
and enticed mortals to your feet
since generations of old.
Don’t cry, though we’re lone wanderers
and you last so much longer than I.
Night is but a wondrous sounding
chance – take my hand, thus,
leave your seat – shall we dance?

Fernando Campanella


'LUA AMARELA'

Não lamentes idos amores, lua amarela,
pois ainda preservas teus encantos
e envolves mortais em tua trança
desde imemoráveis gerações.
Não chores, embora solitários errantes
sejamos, e sobrevivas tão mais a mim.
A noite é apenas uma assombrosa
E sonora chance – dá-me tua mão, assim,
Sai de teu canto – e que comigo dances.

(Fernando Campanella)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ave, Tao


Ame o belo, ame o tosco
ame o pai
o filho
ou o espírito de louco.
Mas ame.

Ame cedo, sob alegrias de Vésper
(...)
Ame o conhecimento do amor
e as formas de amor
o amor frater
os mil amores.
Ame o amor que já ousa dizer seu nome.
(...)
Ame réptil, ame erectus, ame sapiens.

Mire-se em beleza e pó de anatomias fugidias.
Ame Sírius, a luz difusa, e as Graças
- e a asa errática do Espírito sobre as águas.
Ame símile, ame díspar, ame incondicional.

Ama et labora.

Salve, Paz do Deus dos homens,
Ave, Tao.


Fernando Campanella

terça-feira, 8 de junho de 2010

"Nightbound"

"I sip the nights,
I'm the restless longings
of past sheperds & ancient bards

(an elated sleepless zombie
eternally wandering , am I? )

the spell of sleeping waves,
the tranquility seas, the mystery capes,
the arboreal secretive design,

I'm Orion's hunter and magi,
the nocturnal, inebriating wine,

I'm the one who drinks and weeps
amber beads at night,
some Gods' wink -
Hush! - but a dream ? -
I'm the moons’ transfigured light ...."


(F. Campanella)


"Nightbound"

Eu sorvo as noites
Eu sou inquietas saudades
De esquecidos pastores
E bardos primordiais

(um extático zumbi
Eternamente vagando, seria eu?)

a magia de ondas adormecidas,
os mares de tranqüilidade
os cabos misteriosos
o desenho incógnito das árvores

eu sou de Orion o caçador
E os magos , o vinho noturno
Inebriado

o que bebe e lacrimeja
gotas de âmbar à noite,

algum piscar dos deuses

- Silêncio! – apenas um sonho? –

eu sou da lua a luz transfigurada.


Fernando Campanella

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pássaros


(Foto by Fernando Campanella)

A primavera de New England
não traz seus pássaros à minha janela.
Mas por que penso naqueles cantos
se nem os pássaros de meu velho rio
ou de minhas conhecidas árvores
vêm ao meu jardim cantar?


Só cantam para si próprios,
o martim- pescador, a corrila ,
o joão-de-barro atribulado.


Pensando melhor, nem mesmo pardais,
nenhum pio, nenhum bemol acasalado
conseguem meu dia despertar.
Ficam por si, longínquos, os canários
e os bem-te-vis nas cercanias .


Como é triste acordar
daquelas ternuras surdo, descantado.
como é áspero raspar do dia o aço.
ranger roldanas de hábitos e ossos.


Cantem para si, para Deus
ou para quem os consiga ouvir
o exótico robin , o cuco e a cotovia.
Nenhum trinado, nenhum grasnar,
vêm alcançar meus ouvidos ruidosos.


Ah, vejam, sou mesmo um rei nu,
um moedor de pedras,
sou aquele imperador da China
que tão pobre era sem seu pássaro -
aquele pobre mandarim ,
a solidão, meu triste rabicho,
a ausência, esta enorme vassala de mim.


Fernando Campanella, 1987

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

TO THE NIGHT


(Foto by Fernando Campanella)

This huge imponderable silence
revives dead things
by casting its charms
upon the light.

Time to overflow the glasses
with moon's fluids -
and here's to the night.

Fernando Campanella
(Minas Gerais- BR)



À NOITE

Este silêncio vasto e imponderável
revive as coisas mortas
atraindo a luz
em sua corte.

Tempo de transbordar as taças
com fluídos de lua -
e de brindar à noite.

Fernando Campanella

Tardução do autor.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

MY QUINTESSENCIAL BLUE



(...quisera enxergar meus versos
com vistas de outro,
sem os olhos tacanhos de dentro...)

vou arrancar os sapatos
e ouvir
meu blue quintessenciado

despir-me de humores
e escapar, asas em som,
pelos portais dos sentidos
pelos desvãos do telhado

- não me lembrem então do mundo
este já me entope os poros
a cada esquina
e satura a pele feito pólipo -


vou desfazer as bagagens
armar a noite em blue

e ser assim alteridade
a mim imune
um corpo estranho
um vagalume

Fernando Campanella

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sopra-me



Sopra-me
que ao de onde procedo
haverei com levezas
de, então, retornar.
Com o calor de teu sopro,
de teu insuflar,
meus versos,
como pelúcias e pétalas,
no regaço das tardes,
no jardim das estrelas,
haverão assim de cair,
haverão de pousar.

Fernando Campanella

Ao Vento



Fica comigo, mas não posso pedir ao vento
que sopre ao alcance de meu ouvido,
ou à terra que abençoe meus segredos contigo –
nem mesmo da luz querer ouso
que se detenha em meu abrigo.
Quando os dados lançados, e até meu silêncio,
contra toda certeza parece que conspiram
- e caso os dedos do mundo
em suas recurvas unhas nos firam -
releva, e fica comigo: os anjos sabem mais alto
daquilo em que insisto, do que preciso.


(F.Campanella)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Isento



Mira-te pelo calendário das flores
Que são só viço e esquecimento.
Desprende-te dos ofícios do dia,
Apaga os números, os anos e anos,
Releva a data de teu nascimento.
E assim, por tão leve sendo,
Por tão de ti isento,
De uma quase resistência de pluma,
Abraça o momento,
Toma por bagagem os sonhos
E apanha carona no vento.


Fernando Campanella
(Poema em homenagem pelo aniversário
de minha amiga Maria Madalena)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

TO EMILY DICKINSON


Foto by Fernando Campanella


Emily, what is this from you
that play so tender strings
in me?

What is it -
a certain rainbow
tha transcend colours,
a broom that sweeps
etherial seas?

Or a sweetest clover
which you drink from,
o, translucent bee?

(Fernando Campanella)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

*****


*(Mariposa esginge colibri-Hummingbird Hawk Moth)

Devolve-me o livro da alma
que há muito me tomaste -
esfinge minha -
pois tu, somente tu, o escreves:
concedes-me a palavra por escudo
enquanto me devoras na entrelinha.

Fernando Campanella


*The Hummingbird Hawk-moth (Macroglossum stellatarum) is a species of Sphingidae, hawk moth with a long proboscis, which regularly hovers, making an audible humming noise. These two features make it look remarkably like a hummingbird when it feeds on flowers; it is theorised that this is a result of convergent evolution. It flies during the day, especially in bright sunshine, but also at dusk, dawn, and even in the rain, which is unusual for even diurnal hawkmoths. Its visual abilities have been much studied, and it has been shown to have a relatively good ability to learn colours.

sábado, 26 de setembro de 2009

Coleridge X Campanella



He looked at his own soul with a telescope.
What seemed all irregular, he saw and shewed to be beautiful constellations:
and he added to the consciousness hidden worlds within worlds.

- Samuel Taylor Coleridge-
(England 1772-1834)

Ele observou sua própria própria alma com um telescópio. O que parecia total irregularidade, ele enxergou e mostrou como lindas constelações: e à consciência ele integrou mundos ocultos dentro de outros mundos

Samuel Taylor Coleridge
Tradução de Fernando Campanella

.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sopra-me


(Photography by Fernando Campanela)

Sopra-me
que ao de onde procedo
haverei com levezas
de, então, retornar.
Com o calor de teu sopro,
de teu insuflar,
meus versos,
como pelúcias e pétalas,
no regaço das tardes,
no jardim das estrelas,
haverão assim de cair,
haverão de pousar.

Fernando Campanella

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Nightbound"



"I sip the nights,
I'm the restless longings
of past sheperds & primordial bards

(an elated zombie
eternally wandering , am I? )

the spell of sleeping waves,
the tranquility seas, the mystery capes,
the arborial secretive design,

I'm Orion's hunter and magi,
the nocturnal, inebriated wine,

I'm the one who drinks and weeps
amber beads at night,
some Gods' wink -

Hush! - but a dream ? -

I'm the moons’ transfigured light ...."


(F. Campanella)

Eu sorvo as noites
Eu sou inquietas saudades
De esquecidos pastores
E bardos primordiais

(um extático zumbi
Eternamente vagando, seria eu?)

a magia de ondas adormecidas,
os mares de tranqüilidade
os cabos misteriosos
o desenho incógnito das árvores

eu sou de Orion o caçador
E os magos , o vinho noturno
Inebriado

o que bebe e lacrimeja
gotas de âmbar à noite,

algum piscar dos deuses

- Silêncio! – apenas um sonho? –

eu sou da lua a luz transfigurada.

Fernando Campanella