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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

P Á S S A R O S



Nos meus poemas não há pássaros
aflitos dentro dos versos,
bicos metidos entre as rimas
na angustia dos vôos livres.


Amo as aves revoluteando no ar
a liberdade em plena luz,
que não é querer nem cogitar
mas a forma mesma do corpo.


Asas irrequietas receosas
inconstantes buliçosas
o que voam são os olhos
acesos desconfiados vigilantes
perscrutando inimigos, vitimas, distancias,
adivinhando flores antevendo ninhos.



Miguel Reale
In: Poemas do Amor e do Tempo

quarta-feira, 24 de junho de 2009

VELHO TEMA



Na carícia de místico segredo
vivia humilde como flor na gruta,
quando, a medo,
deixei o meu refúgio e o alvo manto
de meu pranto,
para confiar-te a triste calma
de minha alma.
Enfeitei toda a casa de guirlandas
como um presépio, e tremulo te disse
coisas brandas,
querendo unir a sombra dos meus olhos
aos teus olhos,
nesse tímido amor que é a beleza
da tristeza.


Mas quando te conheci que criado havia
nas linhas do teu corpo a branca estátua
da poesia,
riste ... enquanto aos meus olhos rasos de água
pela mágoa
vagava alguém num barco pelas brumas:
o amor resignado entre a ironia
das espumas.



Miguel Reale
In: Poemas do Amor e do Tempo