Mostrando postagens com marcador Fernando Pessoa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fernando Pessoa. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

TRISTEZA


Falo-me em versos tristes,
Entrego-me a versos cheios
De névoa e de luar;
E esses meus versos tristes
São tênues, céleres veios
Que esse vago luar
Se deixa pratear.


Sou alma em tristes cantos,
Tão tristes como as águas
Que uma castelã vê
Perderem-se em recantos
Que ela em soslaio, de pé,
No seu castelo de prantos
Perenemente vê. . .
Assim as minhas magoas não domo
Cantam-me não sei como
E eu canto-as não sei porquê.

6-7-1910



Fernando Pessoa
Em Poesia do Eu
- Obra essencial de Fernando Pessoa
Editora Assírio & Alvim – 2006 –

sábado, 5 de junho de 2010

Sonnet VIII


How many masks wear we, and undermasks,
Upon our countenance of soul, and when,
If for self-sport the soul itself unmasks,
Knows it the last mask off and the face plain?
The true mask feels no inside to the mask
But looks out of the mask by co-masked eyes.
Whatever conciousness begins the task
The task's accepted use to sleepness ties.
Like a child frighted by its mirrored faces,
Our souls, that children are, being thought-losing,
Foist otherness upon their seen grimaces
And get a whole world on their forgot causing;
And, when a thought would unmask our soul's masking,
Itself goes not unmasked to the unmasking.

Fernando Pessoa
In "35 Sonnets-(1.918)