quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Um poema de Nelly Sachs


Escuro ciciar do vento
na seara
A vítima pronta ao sofrimento
As raízes estão caladas
mas as espigas
sabem muitas línguas maternas -

E o sal no mar
chora na distância
A pedra é uma existência de fogo
e os elementos puxam pelas cadias
pra a união
quando a escrita espectral das nuvens
recolhe imagens primevas

Mistério na fronteira da morte
«Põe o dedo nos lábios:
Silêncio Silêncio Silêncio» -

Nelly Sachs
(de Enigmas em Brasa / Gluhende Ratsel, incluído em Spate Gedichte, Francoforte do Meno, 1965)
(Poema incluídos em Poemas de Nelly Sachs, antologia, versão portuguesa e introdução de Paulo Quintela, Portugália, 1966)

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