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Poente no meu jardim... O olhar profundo
Alongo sobre as árvores vazias,
Essas em cujo espírito infecundo
Soluçam silenciosas agonias.
Assim estéreis, mansas e sombrias,
Sugerem à emoção em que as circundo
Todas as dolorosas utopias
De todos os filósofos do mundo.
Sugerem... Seus destinos são vizinhos:
Ambas, não dando frutos, abrem ninhos
Ao viandante exânime que as olhe.
Ninhos, onde vencida de fadiga,
A alma ingênua dos pássaros se abriga
E a tristeza dos homens se recolhe...
Raul de Leoni
(Rio de Janeiro-1895-1926)
Belíssimo soneto, e eu que tinha um certo preconceito contra Raul de Leoni, por um certo ranço acadêmico que sempre pensei existir nele. Tolo preconceito , o meu, realmente. Grande abraço, minha amiga.
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