terça-feira, 24 de agosto de 2010

'A alma no Jardim da Paz"


Então a mente, por falta de prazer,
Se rende à sua felicidade;
A mente, esse oceano onde cada um
Descobre a si mesmo;
Mas cria e transcende
Outros mundos e outros mares distantes,
Aniquilando tudo o que foi feito
A um pensamento verde numa sombra verde.


Aqui, nas fontes de pedra escorregadia,
Ou entre as árvores que o musgo acaricia,
Do corpo a veste enfim despindo,
Minha alma para os ramos vai subindo:
Ali, como um pássaro, senta e canta,
E cisca e as asas com o bico vai alisando;
E, até estar preparado para o vôo mais alongado,
Reflete em sua plumas matizes variados.

Andrew Marvell

*Escritor inglês, nascido em 1621 e falecido em 1678, estudou em Cambridge, tendo abandonado os estudos para empreender uma longa viagem pela Europa.
De regresso a Londres, contactou com os diferentes círculos literários da época, e publicou, em 1650, An Horatian Ode upon Cromwell's Return from Ireland, o que é considerado um dos grandes poemas políticos da literatura inglesa. Cromwell voltou a ser tema das composições poéticas de Marvell no poema Upon the Death of His late Highness the Lord Protector. Embora tenha gozado de uma elevada reputação enquanto autor de sátiras, de entre as quais se destaca Last Instructions to a Painter, e pelas suas obras em prosa, nomeadamente: Mr. Smirk, Or the Divine in Mode, A Short Historical Essay Concerning General Councils e An Account of the Growth of Popery and Arbitrary Government in England, nas quais ataca o poder real arbitrário, Marvell era virtualmente desconhecido como poeta lírico.
O reconhecimento deste autor enquanto um dos grandes poetas metafísicos surgiu nos séculos XIX e XX, tendo o volume póstumo, Miscellaneous Poems, sido objecto de múltiplos estudos, motivados pelo tratamento irónico e enigmático de material poético convencional.

Andrew Marvell. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010.

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