domingo, 28 de junho de 2009
JANELAS NO MAR
(- No meio do mar, há janelas sobre janelas.
- A rede.)
Adivinhação africana.
Há sobre o mar janelas e janelas:
são redes, são cantigas e são velas.
Panos-da-costa vão se desdobrando
no mistério das águas flutuando.
A floresta é vencida pela areia
mas o mar só se curva à lua cheia.
Anda comigo, amada. O amor hum ano
pode descer ao fundo chão do oceano.
E ressurgir das águas e sobre elas
caminhar bem mais leve do que as velas.
O céu morreu nas mãos donas do espaço.
Resta a Terra. Tão só! Dá-me teu braço.
Vem comigo. O mar se abre à nossa dor
e os peixes pasmarão com o nosso amor.
E no silêncio móvel copiarão
nossos gestos contidos de paixão.
Odylo Costa Filho
in Cantiga Incompleta
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