terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Ano Novo Cristão
A todos amigos e visitantes do blogger,
desejo um ANO NOVO pleno de alegrias,
muita Paz, Saúde e Realizações.
Feliz, Ano Novo Cristão, de 2.010!
Maria Madalena
domingo, 27 de dezembro de 2009
"Horas Vivas"
Noite; abrem-se as flores.
Que esplendores!
Cíntia sonha amores
Pelo céu.
Tênues as neblinas
Às campinas
Descem das colinas
Como um véu.
Mãos em mãos travadas
Animadas,
Vão aquelas fadas
Pelo ar
Soltos os cabelos,
Em novelos
Puros, louros, belos
A voar.
"Homem, nos teus dias
Que agonias
Sonhos, utopias,
Ambições;
Vivas e fagueiras,
As primeiras
Como as derradeiras
Ilusões!
Quantas, quantas vidas
Vão perdidas,
Pombas malferidas
Pelo mal!
Anos após anos,
Tão insanos
Vêm os desenganos
Afinal.
Dorme: se os pesares
Repousares.
Vês? —por estes ares
Vamos rir;
Mortas, não; festivas,
E lascivas,
Somos—horas vivas
De dormir. —
Machado de Assis
in Crisálidas
Prece
dá-me a lucidez das
correntezas para que eu descubra
entre as tristezas que se
avolumam algum
sorriso mesmo
que não seja para mim
dá-me a serenidade de uma
estrela para que eu imagine
entre as lágrimas que não
me deixam qualquer
paz ainda
que breve
dá-me a claridade das
luas cheias para que eu invente
entre as angústias que se esparramam um
horizonte mesmo
que se transmude em ilusão
dá-me a esperança das
árvores para que eu teça
entre as ausências que se
imensificam uma sanidade ainda
que estofada de
delírios
Adair Carvalhais Júnior
(Minas Gerais)
Notte - sogno di sparse
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
VELHA INTERROGAÇÃO
Passa a vida? Continua…
Porque o tempo é que flutua,
como um rio de veludo,
sobre todos, sobre tudo...
À sua imagem sonhamos:
de onde vimos? aonde vamos?
E o destino indiferente
vai impedindo a torrente...
Passa a vida? Continua...
Com o tempo quem passa é a gente.
Mas, vida, se nós passamos,
de onde vimos? aonde vamos?
Da Costa e Silva
in: Poesia Completa
(Piauí -1885-1950)
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
AMARGO
Há um mar, o dos velames,
das praias ardendo em ouro.
Há outro mar, o mar noturno,
o das marés com a lua
a boiar no fundo
o mênstruo da madrugada.
E afinal o outro, o do amor amargo,
meu mar particular, o mais profundo,
com recifes sangrando, um mar sedento
e apunhalado.
Max Martins
De Anti-retrato (1960)
(Pará- 1926-2009)
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Ao ver da ave austera e escura a soteníssima figura,
desperta em mim um leve riso, a distrair-me de meus
ais.
“Sem crista embora, ó Corvo antigo e singular” - então lhe
digo -
"não tens pavor; fala comigo, alma da noite, espectro
torvo, qual é o teu nome, ó nobre Corvo, o nome teu
[o inferno torvo!"
E o Corvo disse: "Nunca mais".
Maravilhou-me que falasse uma ave rude dessa classe,
misteriosa esfinge negra, a retorquir-me em termos tais,
Pois nunca soube de vivente algum, outrora ou no
presente,
que igual surpresa experimente: a de encontrar, em sua
porta,
uma ave (ou fera, pouco importa) empoleirada, em sua porta,
e que se chama "Nunca mais".
Edgar Allan Poe
Excerto do ensaio 'A filosofia da Composição'
Poemas e Ensaios. (Trad. Oscar Mendes e Milton Amado).
São Paulo: Globo, 1999. 3. ed. revista.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
'MANHÃ NO MEU JARDIM'
Ha festas nas campo, ânsias que crescem
Sob a cortina verde da ramagem,
Enquanto as samambaias estremecem
Aos beijos brandos da sublime aragem!
Uns retalhos de sol sobre a folhagem
Tremeluzindo, das alturas, descem
E no fundo azulado da paisagem,
De várias cores, um tapete tecem . . .
Ha mensagens de olências nos canteiros !
Chovem pétalas brancas, perfumadas,
Da fronde angelical dos jasmineiros . . .
E a manhã, como uma águia de marfim ,
Desce dos chapadões das madrugadas
E abre as asas de luz no meu jardim!
Miguel Jansen Filho
(Paraíba 1925/1994)
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
The Snow Man
One must have a mind of winter
To regard the frost and the boughs
Of the pine-trees crusted with snow;
And have been cold a long time
To behold the junipers shagged with ice,
The spruces rough in the distant glitter
Of the January sun; and not to think
Of any misery in the sound of the wind,
In the sound of a few leaves,
Which is the sound of the land
Full of the same wind
That is blowing in the same bare place
For the listener, who listens in the snow,
And, nothing himself, beholds
Nothing that is not there and the nothing that is.
Wallace Stevens
(1879-1955- EUA)
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
SEGMENTOS
E o homem seguiu entre guizos falsos.
Trazia no rosto uma sofreguidão de charcos.
Era noite
e os fantasmas enlouquecidos não o deixavam seguir.
Assim
andarilho de madrugadas
homem de silêncios fartos
ele se enfatizou.
Riscou de seu rosto a mascara da vida.
Continuava só
e só, continuava em sua busca viscosa.
Já não era mais ele quem fremia
na porta dos bares vazios.
Era a nostalgia de seu espectro
que buscava carnavais de sorrisos.
Alvina Nunes Tzovenos
In: Palavras ao Tempo
SONETOS DA AUSÊNCIA
XXIV
A mão que disse adeus era um veleiro
no mar da solidão. O amor perdido
era um luar humilde e companheiro
do coração mais que do céu nascido.
Dantes, a paz não fora o meu roteiro.
Sonhava, apenas. Nem jamais, ferido
pelo céu, pelo mar, vivera inteiro
o meu reino de luz, já proibido.
Vi então que a alegria era um soluço
e o coração o mar e o céu cansados,
o coração há tanto adormecido.
E hoje no adeus, lembrando, me debruço,
no adeus que é o grito dos desesperados
e o olhar febril de algum enlouquecido.
Alphonsus de Guimaraens Filho
In: Antologia Poética
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