sábado, 19 de setembro de 2009

Fim das Ruas



Morre a numeração cansada;
este é um limite. Daqui,
o horizonte prolonga a solidão de areia.
Uma chama pestaneja pelas noites,
ilumina um pedaço de pão compartilhado.
Todo possível ruído
foge em silêncio;
só os cachorros adoram a lua.
O frio trêmulo lastima a pobreza
e já é desprezada a bela chuva
pelo seu costume de invadir as casas.
Morrer-se aqui é apagar os olhos
para não ver os sofrimentos.
Todos usam palavras iguais para o morto:
tem um rosto tão sereno.

Choro de uma criança nova!
Há outro herdeiro dos sofrimentos.


Arturo Herrera
Tradução de Ronaldo Cagiano
(1974- Argentina)

Um comentário:

  1. Meu Deus, que verdade!
    Poema reflexivo.
    A vida nua e crua nos lares humildes,
    na violência da rua...
    Oxalá esse versejar,
    possa semear a fraternidade,
    a responsabilidade e
    a consciência de melhores dias.

    Beijo grandão da
    Genaura Tormin

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