Poema nenhum, nunca mais
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,
para esse público dos ermos,
composto apenas de nós mesmos,
uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas,
seu deserto particular;
ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.
*Alberto da Cunha Melo
in Meditação sob os Lajedos.
*Premio de Poesias da ABL-2.007-
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