sábado, 18 de julho de 2009

TÉDIO


(Photo by Philippe Sainte-Laudy)

Tudo se acaba aos nossos olhos perto
Numa brancura que de ver nos cansa,
Como se então de névoas um deserto
Se abrisse assim sem luz nem esperança.

E nessa névoa que nos deixa incerto
E num abismo sem sentir nos lança,
Como se o olhar se visse então coberto
Sentimos se apagar nossa lembrança.

Sentimos um torpor indefinido,
Um vago sentimento adormecido
Como da morte as frias mãos felinas.

E nesse triste desalento infindo
De todo o céu sentimos ir fluindo
Neblinas e neblinas e neblinas...


Saturnino de Meireles
(Rio de Janeiro 1878-1906)
(Poeta Simbolista Brasileiro)

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