Os olhos tocam primeiro,
mas as palavras por fim.
Mas as palavras repousam,
e os olhos devem seguir.
Os olhos sabem primeiro,
mas as palavras recolhem.
Mas as palavras não colhem
do campo o que os olhos colhem.
Os olhos querem o tempo,
mas as palavras já têm.
Mas nas palavras não cabe
dos olhos esse não caber.
Os olhos olham as palavras,
mas as palavras entoam.
Mas as palavras retornam,
e os olhos nascem além.
Entre olhos e palavras
não fique ânsia ou vagar:
distâncias mudas e cegas
tocam-se, para ver cantar.
Alcides Villaça
in Viagem de Trem
Nenhum comentário:
Postar um comentário