segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Outono



As folhas caem, de muito longe
envelhecidas no céu, em longínquos jardins,
caem: é como um gesto de recusa.

E nas noites a terra pesada cai
fora das estrelas, em plena solidão.

Caímos todos. Cai a mão.
E vemos as outras. Dá-se o mesmo em todas elas.

Entretanto há alguém que sustêm essas quedas,
com infinita doçura, entre suas mãos.


Rainer Maria Rilke,
in Antologia Poética
Tradução de Antônio Roberto de Paula Leite

2 comentários:

  1. Lindo blog!

    O poema Outono fez-me pensar sobre essa mão que sustêm, creio que ela tem me amparado nas minhas folhas que caem e no peso das minha noites carregadas de lembranças tristes.

    Quero a primavera! O perfume das flores e o colorido que nos enche de alegria!

    Chris Amag

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  2. ...Entretanto há alguém que sustêm essas quedas,
    com infinita doçura, entre suas mãos. (Rilke)

    Lindo demais, falem o que quiserem do Rilke (o Neruda parecia atacá-lo), mas o poeta é grande.
    Bjos, querida amiga.

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